Ao longo dos anos que acompanho o Benfica muitos têm sido os casos de desamor e desconfiança do “3º anel” para com jogadores que englobam o plantel.
Lembro-me de alguns casos de antipatia que geravam verdadeiras assobiadelas para os nossos jogadores sendo os casos do Abel Xavier e do Michael Thomas os que mais me trazem à memória o rótulo de “mal-amados” pelas hostes benfiquistas.
Mais recentemente tivemos um caso: Quim.
O Quim veio para o Benfica para substituir o “menino querido” Moreira. Nos primeiros jogos suportou tudo. Desde assobiadelas monumentais quando o seu nome era anunciado pelos altifalantes da Luz, como ter de ouvir o nome “Moreira” vindo das bancadas como que se um coro de vuvuzelas o assombrasse jogo após jogo.
O Quim não era um daqueles guarda-redes de encher o olho. Cumpria sem deslumbrar. Era por vezes inseguro, mas conseguiu em 6 épocas de Benfica conquistar 2 campeonatos. Não é suficiente para o Benfica. Não é. Mas foi o possível.
Aos 34 anos, o guarda redes que o mestre Trapattoni (ou o José Veiga não sei bem) foi buscar a Braga para ser Campeão deixou o Benfica. E deixou com o acordo do “3º Anel” e com os velhos arautos de que não servia para a nossa baliza em uníssono.
Rumou ao grande adversário da época passada, o Sp. Braga e por azar teve uma lesão que provavelmente, na prática, lhe vai custar o final de carreira que desejava. Mas isso já não é um problema do SL Benfica e do nosso “3º Anel”.
Para o seu lugar, o posto de Guarda Redes do Sport Lisboa e Benfica, que relembro, vi ser ocupado pelo Manuel Bento, o Michel Preud’Homme e o Robert Enke, foi escolhido o espanhol Roberto, um guarda redes com um percurso até interessante nas selecções jovens espanholas mas com menos de 40 jogos no principal campeonato espanhol. Com 24 anos. E se não fosse a segunda volta da temporada passada, em que Roberto defendeu (dizem que com uma enorme mestria) as redes do Zaragoza, teria apenas 4 (!!!) jogos na La Liga.
A chegada do Roberto atinge todos de surpresa. Foram enchidas capas de jornais com Amelia’s, Akinfeev’s, Eduardo’s e Doni’s (alem de outros sul-americanos que agora não me recordo do nome). Em vez desses nomes chegou um desconhecido “portero” mas que para todos nós o selo de garantia do treinador Jesus (mesmo depois do erro de casting que fora Julio César) nos dava o beneficio da dúvida.
Confesso que vi apenas com atenção 3 jogos do Sport Lisboa e Benfica esta pré-temporada. O jogo frente ao Aris e ambos do torneio de Guimarães. Perdi o jogo com o Sion, o péssimo cartão de visita do Roberto, e a minha opinião de leigo é apenas dos 3 jogos que vi. Não vejo treinos nem nunca vi um jogo do Zaragoza (onde quem viu, e sublinhando mais uma vez, diz que Roberto brilhou) e neste momento acho que o SL e Benfica tem um grave problema na baliza. Não se trata de um problema de qualidade técnica, pois isso obrigaria a pensar que quem decidiu oferecer 8,5 milhões pelo Roberto não está a servir os interesses do SL e Benfica. O problema parece-me mental, e cada jogo que passa mais se agrava.
Ontem foi exasperante ver o público benfiquista a apoiar SEMPRE o Roberto e a ver os falhanços que o mesmo tinha em lances fáceis, a forma como se contorcia com dores no chão tentando arranjar uma justificação num lance muito semelhante ao que deu o golo do Luisão frente ao Sporting do Ricardo ou ainda, e mais grave, a forma como a falta de confiança no homem mais recuado dá à equipa.
Tudo isto é possível de ser trabalhado. Um Guarda Redes de 24 anos tem muito para evoluir e não duvido que o Roberto o possa fazer e porventura atingir patamares de excelência que lhe permitam ser o guardião das nossas redes por vários anos.
O problema, neste caso como em outros, é a cultura de Exigência que deve ser um espelho do Sport Lisboa e Benfica. A cultura de Exigência que deveria ditar que um Guarda Redes que custa 8,5 Milhões de Euros não necessita de ser trabalhado intensivamente. Deveria ser um jogador indiscutível, que realmente garantisse pontos e que realmente fosse uma trave mestra na coesão defensiva de uma equipa que aspira a iniciar um ciclo de vitórias (o tal novo ciclo de Vieira).
Roberto pode ser o homem certo. Pode chegar a patamares de um Enke (um Michel ou um Bento é impossível) mas neste momento parece mais um Moretto ou um Bossio…
… e os primeiros jogos na Luz estão já ai.
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