Hoje é aquele dia especial. Aquele dia que chegamos ao emprego e temos ao lado o colega “lagarto” que nos andou a massacrar a semana toda. Geralmente é assim com eles. Massacram-nos antes. Depois engolem em seco e dizem “para a próxima é nossa” e assim vamos vivendo. Nos últimos anos (já vai em 1000 e quantos dias?) a superioridade do Benfica tem sido esmagadora. Mas eu e muitos de vocês, especialmente aqueles que começaram a ir à bola nos finais dos 80 ou inícios dos 90, não poderíamos viver sem esta rivalidade. É a melhor que existe em Portugal. É o Derby da Cidade. E o Derby com expressão nacional. Tudo o resto é folclore.. por muito que os Andrades (os da Santa Aliança com os Lagartos) tentem fazer o contrário.
Hoje chego com aquele sorriso do tamanho do mundo. De quem venceu. Mas acreditem que o meu primeiro pensamento nem foi para o Derby nem para o bom resultado alcançado em Manchester e que intermediou uma semana bem positiva para o SLB.
O meu primeiro pensamento hoje, quando ainda estão vivas as imagens das cadeiras da Luz a arder, foi para o punhado de adeptos do Benfica que marcaram presença na Naval, numa Sexta Feira a noite, assistindo a um jogo de futebol dentro de um chuveiro e apoiando a sua equipa. Eu “fiquei em terra” nesse dia (o trabalho oblige e paga as viagens ao estrangeiro…) mas eles sim mereceram ambos os resultados desta semana. É fácil ser adepto do Benfica em Manchester. É ainda mais fácil ser adepto do Benfica quando se vence um derby. É duro ser adepto do Benfica numa sexta feira à noite na Figueira da Foz. Esse papel, foi mais uma vez, desempenhado pelas “claques” do Sport Lisboa e Benfica. As que não são “oficialmente” reconhecidas pela SAD e que são proibidas de usar os seus símbolos porque não pactuaram com uma lei que está visto que não serve para nada… Mas já lá vamos…
Bravo Rapazes !!!
ManchesterFoi a minha segunda vez em Manchester. A primeira odiei. Não apenas pelo resultado (dessa vez perdemos) mas por toda a envolvência que foi. Ficámos no sector do 2º anel, fomos obrigados a estar sentados e tivemos bastantes problemas com os stewards. Desta vez foi um pouco diferente. Tirando os problemas com os stewards, que colocaram vários adeptos do Benfica na rua… Por vezes ajudados pelos sempre zelosos (e mamões de viagens) spotters portugueses que acompanham o Benfica. Voar em TAP a expensas do erário público para ir a Manchester passear o distintivo…
Foi fantástic
o o apoio em Manchester. Milhares de Benfiquistas apoiaram quase 90 minutos as nossas cores. A esses, juntaram-se cerca de 30 ultras do Hajduk Split, curiosamente isolados do resto dos benfiquistas, mas fazendo sentir (e bem) a sua presença, fruto da amizade que têm com os NN. De parabéns pela dedicação.
Pela parte dos DV, ao habitual contingente dos núcleos da Europa (e estavam lá todos) juntou-se muita gente vinda de Portugal para um total de cerca de 150 elementos. Muito boa presença e ainda melhor convívio. Somos uma família.
Jogo frenético, com os Benfiquistas a destacarem-se no apoio perante um Old Trafford cheio de adeptos de festa. E era aí que queria chegar. E vai ser ai o meu principal ênfase nesta parte da crónica acerca de Manchester…
Antes do jogo fiz o que faço habitualmente em Inglaterra. Compro uma fanzine independente dos adeptos. E desta vez caiu-me em sorte a Red Issue. Li com atenção alguns dos artigos (bastantes satíricos em relação ao Liverpool e ao Manchester City) mas o destaque vai para os textos que criticam a evolução do Manchester United, de um clube inglês para uma multi
nacional. Nem o Sir Alex Ferguson escapa às críticas. Dizem que o Old Trafford já não é um Estádio de Futebol. Criticam os “adeptos” que abandonam o Estádio 10 a 15 minutos antes do jogo terminar, criticam os “day travellers” que são do Manchester United mas são irlandeses ou do Surrey. Ou da China, ou da India… Afirmam que em jogos mais pequenos fora, onde antes era quase impossível obter bilhetes, hoje nem oferecendo as pessoas vão. A escalada de preços, a política da multinacionalidade e a falta de respeito pelas tradições do clube (e aí são os americanos Glazer os alvos) afastaram os “verdadeiros” adeptos do Manchester United… aqueles que iam aos jogos esteja o Man U em 1º ou quase no Championship… Sobraram os adeptos de festa… Estão a perceber onde quero chegar? É fácil ir a Manchester ou ao Derby… quando se vence sobretudo…
DerbyDepois de 3 dias no UK, chego a Lisboa. Depois de estar num país que devora desporto mas não tem jornais desportivos diários, eis que aterro na Portela e… só se fala de uma “Jaula” no Estádio da Luz…
Todo este folclore demonstra os anos de atraso que temos em relação a uma cultura desportiva. Um assunto como este seria motivo de uma pequena coluna de paródia nos media britânicos. Provavelmente na Bundesliga nem seria assunto. Em Portugal é a coisa mais importante do mundo… e em vez de se falar do Aimar ou do Wolfswinkel, damos o protagonismo a trauliteiros tipo aquele sr. Ex-PJ que demonstra porque motivo há uma regra que nunca
muda: Quem não serve para mais nada… vai para Tropa ou para Bófia.
Falar da rede como um problema é ridículo. Falar de poucos bilhetes quando se devolvem bilhetes é ridículo. Falar de um sector super lotado quando todos sabemos que muitos adeptos do Sporting provavelmente nem tinham bilhetes para aquele sector mas foram na “onda” do cortejo e acabaram por ali ficar é ridículo. Assim como ver do lado do Benfica falarem do fosso de AlvaLIDL. Falarem das condições com que os adeptos são tratados pelos PSP’s nos cortejos para a bola não é ridículo… é de adepto aburguesado que nunca se “sujeitou” a ir a bola no meio do adepto comum… É o pão nosso de cada dia meus senhores…
Na bancada tinha um certo receio para o que era sentir os adeptos adversários exactamente em cima do nosso sector… Em relação ao apoio vocal houve momentos algo confusos, mas como bom “adepto tuga”, o apoio leonino foi a espaços e mal sofreram o golo… foi ainda a mais espaços. No entanto, penso que todos os grupos tiveram bons momentos de apoio. Os No Name realizaram a mais fantástica fumarada no Topo Sul que tenho memória. Na Curva Norte, os DV festejaram
orgulhosamente o seu 29º aniversário. Sector cheio, apoio constante. Coreografia inicial a condizer. Presentes em festa a totalidade dos núcleos nacionais e os do estrangeiro. Amigos de Mérida e de Roma. Uma noite muito boa que terminou numa fantástica jantarada em “família”. Uma “Enorme Minoria”…
Dentro de campo, um bom jogo de futebol com períodos distintos de ambas as equipas. Qualquer uma poderia ter vencido. Podia até haver um empate. Lances de perigo houve a rodos. Golos apenas um. De Javi Garcia. Num lance de bola parada… coisa rara neste Benfica. Foi merecido. A jogar com 10 por expulsão do Tacuara e com o esforço do jogo de Manchester o Benfica aguentou estoicamente. Nem “reparei” muito na falta do Luisão (mas isto não quer dizer que o Jardel deve jogar…). Uma vitória de raça e querer. Espero que seja uma vitória à Campeão.
Final do jogo e ia me dirigindo para o local do jantar dos DV com os amigos. Oiço no rádio que o Estádio da Luz estava a arder. Não era de paixão nem de fervor clubístico. Foram uns miúdos dos grupos LEGALIZADOS do Sporting que decidiram queimar cadeiras. O meu pensamento foi o de semp
re. Amanhã ninguém vai falar de coreografias, cânticos e apoio. Vão falar das claques como foco de violência e de marginais. De gente desocupada e triste. Assim foi…
Deixo-vos este
texto, “apanhado” pela Internet. De uma adepta do Sporting. Há uma expressão que transmite exactamente o que muitas vezes penso… “mas antes havia quem pusesse mão nisto, havia os que a certa altura diriam “Já chega” agora os inconsequentes parecem-me em maior número.”
Carrega Benfica !!!!
(mais uma boa panorâmica do 29º aniversário dos DV
aqui.)