
Falar da minha viagem a Paris é para ver o Benfica é das coisas mais fáceis nos últimos tempos da minha vida.
Há muitos anos que não me fazia à estrada para ver o Benfica. A excepção foi Getafe. Desde a eliminatória com a Lazio que não consumia sucessivamente quilómetros de alcatrão para chegar a um destino e ir ver o Benfica. O apogeu dos Low Cost aliado à falta de disponibilidade profissional para perder muito tempo assim o têm ditado.
No entanto,vários factores propiciaram esta opção. Os preços dos vôos estavam caríssimos, o tempo que iria perder não era de todo incomportável e o principal e mais motivador: o desafio lançado por um velho "camarada de armas".
E assim nos fizemos à estrada. Do final da tarde de quarta feira até à manhã de quinta percorremos 1700 kms de amizade e espírito ultra entre todos como apenas os que passam por isto sabem do que falo.
Muitas histórias da Curva e muito muito Benfica. Muitas histórias de viagens passadas, muitos prognósticos e vaticínios acerca da carreira europeia deste Benfica e a confiança na escolha do adversário. E muito cansaço também.
Chegamos a Paris no fim da manhã. As poucas horas que dispúnhamos "livres" antes de rumar ao Parc Des Princes obrigaram a uma escolha selectiva dos locais a visitar. Um era obrigatório: a Torre Eiffel o outro foi o feliz acaso: o Sacre Couer e a sua vista brutal sobre a cidade.
Ambos os locais encontravam-se cheios de turistas e em ambos se viam os primeiros cachecóis do Benfica como que a adivinhar uma noite em que a "casa" estaria muito bem composta de benfiquistas.
Uma curta viagem até ao estádio (que fica no limite da cidade de Paris) e os primeiros contactos com os nossos anfitriões desta estadia: o núcleo de Paris dos Diabos Vermelhos.
Um rápido almoço nas imediações do estádio e entramos no Parc ainda despido de público.
Com o passar das horas o Parc começou a encher. Viam-se benfiquistas em todas as bancadas mas também via um estádio despido dos seus grupos organizados. A política da actual direcção do PSG para os seus grupos organizados parece-me exagerada mesmo com os problemas e todos os antagonismos entre as tribunas Auteil e Boulogne. Para que tenham uma ideia, praticamente não existem faixas dos grupos (só dos pequenos em outras zonas do estádio), não existem bandeiras e mesmo os cânticos parecem-me desorganizados e com uma força muito inferior ao que em tempos foi o Parc des Princes.
Um mau exemplo do que por vezes tentam copiar por cá.
O jogo inicia-se. Os Diabos Vermelhos tentam uma pequena coreografia com cartolinas e frase organizada pelo Núcleo de Paris: RUMO A DUBLIN pede-se.
A equipa cumpre. O Benfica (um Benfica a precisar de descanso...) empata em Paris com um PSG um pouco longe do fulgor de outros tempos.
Após o jogo estava reservado um dos melhores momentos da viagem. Os DV Paris organizaram um jantar para todos os Diabos presentes (e foram muitos) e a noite terminou nos arredores da cidade em grande convívio e em festa. Uma família. Unida.
Passadas algumas horas regressámos à cidade. O nosso hotel esperava-nos e uma boa (apesar de curta) noite de sono era o que mais desejava.
Na manhã seguinte iniciámos o regresso a Portugal.
Percorrer novamente aqueles 1700 kms com uma passagem na eliminatória e sem a pressão da chegada foi muito mais fácil.
O espírito manteve-se. Acompanhamos via sms o sorteio da Liga Europa. Alguns queríamos ir à Holanda (nunca vi o Benfica na Holanda) outros destinos mais a leste. Saiu-nos o PSV Eindhoven que é actualmente o líder do Campeonato Holandês e é uma equipa experimentada na UEFA. Não se esperam facilidades...
Ultrapassamos os últimos kms em França. Entramos em Espanha e paramos para jantar. Daí até Lisboa foram poucas as paragens.
A viagem, essa, ficará sempre presente. Foi daqueles momentos em que tudo faz sentido e em que vale a pena seguir a equipa que amamos na companhia dos amigos. É a essência de tudo. O resultado desportivo, acreditem, é o que menos importa.
Carrega Benfica !!!
PS: Os parabéns a todos os presentes. foram muitos e dos mais variados cantos da Europa que os DV marcaram presença. Um agradecimento à rapaziada de Paris por tudo o que fizeram durante esta "jornada". Foram absolutamente fantásticos